Essa, com certeza, é uma pergunta que inquieta muitas pessoas. Afinal, quem nunca se perguntou onde estava Deus quando os pobres são explorados ou quando vulneráveis são oprimidos? É claro que, quando dizemos que algo é injusto, tomamos algo justo como referência, pois não saberíamos o que é a injustiça se não tivéssemos um padrão de retidão. Tal raciocínio levará ao argumento moral, já trabalhado no artigo "Deus existe?" disponível no site.

Entretanto, a Dúvida ainda paira no ar. Todos se perguntam como um Deus onibenevolente pode existir se há a maldade e a injustiça no mundo em que vivemos. Porém, o que poucos sabem é que na própria Bíblia se encontra essa pergunta e sua resposta.

Tem-se por exemplo:

(Habacuque 1:13): "Teus olhos são tão puros que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade. Então, por que toleras os perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios devoram os que são mais justos que eles?"

(Habacuque 1:3): "Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado."

O livro do profeta Habacuque trabalha bem essa questão. Um homem que viveu em contexto de intensa perversidade do seu povo, o qual iria sofrer o juízo de Deus. Contudo, a leitura do livro mostra que o profeta ao falar com Deus, teve sua visão completamente transformada. Da dúvida, para a adoração, do ceticismo para a fé, da tristeza para a alegria. Veremos, então, como a bíblia responde essa difícil e polêmica questão.

A maldade e a injustiça são uma consequência do pecado do homem.

(Romanos 3:12-13) "Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem. Todos mentem e enganam sem parar. Da língua deles saem palavras perversas e de seus lábios saem palavras de morte como se fosse veneno de cobra."

(Romanos 1:28) "Visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis."

Dessa forma, a maldade humana foi responsável pelo surgimento de toda sorte de maldade e injustiça. Como consequência da queda, o homem voltou-se contra Deus e contra o próximo, passando, através de suas maldades, a proliferar a injustiça.

É importante destacar também que dentro da soberania absoluta de Deus, o homem é responsável pela sua livre agência e é punido por seus pecados. O Senhor responde que trará juízo a quem comete injustiça, mas terá misericórdia dos seus, como evidenciado na resposta à Habacuque (capítulos 1 e 2) e nos seguintes textos:

(Ezequiel 18:30): "- Agora, eu, o Senhor, estou dizendo para vocês, israelitas, que vou julgar cada um pelo que tem feito. Arrependam-se de todo o mal que praticam e não deixem que os seus pecados os destruam."

(2 Pedro 2:13): "Eles receberão retribuição pela injustiça que causaram. Consideram prazer entregar-se à devassidão em plena luz do dia. São nódoas e manchas, regalando-se em seus prazeres, quando participam das festas de vocês."

• Deus se revela como protetor dos necessitados

(Salmo 68:5): "Pai para os órfãos e defensor das viúvas, é Deus em sua santa habitação."

(Deuteronômio 24:17): "Não neguem a justiça ao estrangeiro e ao órfão, nem tomem como penhor o manto de uma viúva."

(Salmo 82:3) "Garantam a justiça para os fracos e para os órfãos; mantenham os direitos dos necessitados e oprimidos."

É, então perceptível que Deus quer manifestar seu amor por meio da ação do seu povo e condena aqueles que desprezam os necessitados, em especial, aqueles que se dizem religiosos e ignoram as necessidades do irmão.

(Amós 2:6-7) "Assim diz o Senhor: 'O povo de Israel tem cometido tantos pecados que eu tenho que castigá-los. Vendem como escravos pessoas honestas que não conseguem pagar suas dívidas e até aquelas que são tão pobres que não podem pagar a dívida que fizeram ao comprar um par de sandálias. Perseguem e humilham os pobres e fazem injustiça contra pessoas simples(...) E, assim, profanam meu santo nome."

(Tiago 1:26-27) "Se alguém se considera religioso, mas não refreia sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião não tem valor nenhum! A religião que Deus aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo."

Deus condena a hipocrisia de quem se prende a ritos religiosos em detrimento da ajuda aos necessitados e diz que sua religiosidade para ele não tem valor algum.

(Isaías 1:15-17) "Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue! Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva."

ou ainda:

(Isaías 58: 5-7) "Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao Senhor? 'O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?'"

Até o próprio Cristo teve como uma das marcas de seu ministério na terra a compaixão pelos necessitados. "Pois nem mesmo o Filho do Homem veio ao mundo para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos." (Marcos 10:45) e, em seu sermão sobre o juízo, disse:

(Mateus 25:34-40): "Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo.

Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram'.

'Então os justos lhe responderão: 'Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?'

'O Rei responderá: 'Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram'."

logo, conclui-se que a religião que Deus quer é aquela que se compadece das necessidades humanas, porque o amor ao próximo é a evidência de que pertencemos à Deus, pois Deus é amor e o amor é um fruto do Espírito.

Então, O relacionamento com Deus é um chamado PARA as boas obras. Aquele que nasceu de novo, pela fé em Cristo, é chamado para trazer o Reino de Deus para a terra através do amor que é manifesto em obras.

(1 João 3:16-18) "Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade."

Se a palavra de Deus nos chama para as boas ações e amor ao próximo, devemos colocá-la em prática ao invés de simplesmente ouvi-la (Tiago 1:22). Além disso, todo o polêmico capítulo 2 da carta de Tiago traz como tese que a fé sem obras é morta.

Sabemos, também, através das cartas do Apóstolo Paulo, que o homem é salvo exclusivamente pela fé, independente de obras ou ações meritórias, apenas pela soberana graça de Deus na expiação de Jesus.

Em Efésios 1:13 vemos, quando cremos em Jesus, que somos salvos e recebemos o Espírito Santo como a marca de que somos propriedade de Deus. Já Gálatas 5:22 revela que o amor e a bondade são frutos do Espírito que vive em todo aquele que crê em Jesus e é salvo.

Logo, conclui-se que a evidência da verdadeira fé, da marca de salvação por parte do Espírito Santo, é o amor ao próximo (fruto do Espírito) que nos leva a praticar boas obras.

(Efésios 2:8-10):" Pois vocês são SALVOS PELA FÉ, e isso não vem de vocês, é dom de Deus. NÃO POR OBRAS, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus, realizada em Cristo Jesus PARA fazermos boas obras, as quais DEUS PREPAROU antes mesmo de as praticarmos.

Em suma, entende-se que a injustiça provém da maldade humana. Mas Deus revela sua glória e sua justiça e, através de seu povo, traz o seu amor e a sua bondade. Ele não fica indiferente frente a opressão e a injustiça. Deus age através dos seus eleitos, e isso não vem de nossa força ou vontade, mas pela ação do Espírito Santo em nós.

O verdadeiro relacionamento com Jesus é deixar ser guiado pelo Espírito e entender que dele provém a bondade. Por que Deus nos amou primeiro, devemos amar nosso próximo, defender a causa dos órfãos e das viúvas, alimentar os famintos e ajudar os necessitados, essa é a religião que Deus aceita.