Da importância da confissão e absolvição

19/06/2021

Um assunto que tem me trazido grande preocupação nos últimos tempos é, sem dúvida, o desprezo de muitos cristãos quanto a necessidade de confessar e receber o perdão de seus pecados. Por essa razão, busquei produzir esse breve artigo para explicar, da maneira mais simples possível, a importância da confissão para a vida devocional e para edificação da Igreja.

Por que devemos confessar nossos pecados?

A sagrada Escritura é bem clara ao dizer que devemos confessar nossos pecados para recebermos o perdão divino e crescermos em santidade. A confissão nos lembra que somos pecadores e que necessitamos do perdão de Deus que graciosamente instituiu meios para nos perdoar de nossas transgressões. A absolvição, então, é o meio pelo qual Deus nos perdoa dos pecados cometidos após o batismo, ela nos traz de volta os benefícios do sacramento e, assim, somos lavados e perdoados. Posto isso, vejamos o que a bíblia diz a esse respeito.

"Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não cometemos pecado, fazemos dele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós". (1 João 1. 8-10)

"Quem encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e abandona alcançará misericórdia". (Provérbios 28.13)

"Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor secou como no calor do verão. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Eu disse: 'Confessarei ao Senhor as minhas transgressões'; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado". (Salmo 32. 3-5)

Perceba o quão fundamental é a confissão para nossa alma. Mediante um derramar de arrependimento, nós somos conectados com Deus, nos colocamos em posição de humildade, recebemos o seu perdão e somos limpos de todas as nossas transgressões.

Por que devo me confessar a outros irmãos? Me confessar a Deus já não é suficiente?

De certo, devemos confessar nossos pecados diante de Deus que está disposto a nos ouvir a nos perdoar. Todavia, Ele instituiu meios para que recebamos o perdão que Cristo já conquistou por nós na cruz e esses meios nos são oferecidos pela Igreja. Assim sendo, os méritos infinitos de Jesus chegam a nós através de meios objetivos, os sacramentos, conhecidos como os meios de Graça. Apesar da confissão não ser considerada por muitos como um sacramento, por ausência de elemento visível, ela opera da mesma forma. Mediante a confissão e o anúncio da Absolvição, somos trazidos de volta aos benefícios do batismo e nossas iniquidades são apagadas.

Assim, a resposta para a pergunta dos motivos de nos confessarmos uns aos outros pode ser encontrada em Tiago 5.16: "Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo". Desse modo, a confissão uns aos outros serve para fortalecer a união e nos comunicar o perdão de nossos pecados. Devemos fazê-la pois é mandamento bíblico para nossa edificação.

Ademais, a necessidade da confissão aos irmãos é estabelecida quando Cristo instituiu o ofício das chaves à Igreja, como meio de ministrar o perdão e edificar a vida em comunidade.

O que é ofício das chaves?

Segundo o catecismo menor de Martinho Lutero, o ofício das chaves é o poder especial que Cristo deu à sua Igreja na terra para perdoar os pecados aos pecadores penitentes e retê-los aos impenitentes, enquanto não se arrependerem.

Onde isso está escrito?

Nosso Senhor Jesus Cristo diz a Pedro, no Evangelho de Mateus, capítulo dezesseis: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus" (Mt 16.19).

De modo semelhante diz o Senhor aos discípulos no Evangelho de João, capítulo vinte: "Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se os retiverdes, são retidos" (Jo 20.22,23).

Assim, Deus demonstra sua graça por nós, mediante a absolvição proclamada por um Irmão da fé, o próprio Jesus nos perdoa. Por isso, a absolvição deve ser feita EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, para enfatizar que não é o irmão ou o sacerdote que nos perdoa, mas o próprio Jesus através de sua igreja.

Como funciona a confissão e absolvição na Igreja Luterana?

Na igreja luterana, entendemos que os sacramentos são meios objetivos que Cristo nos deu para comunicar a remissão de pecados. Através do santo batismo, todos os nossos pecados são perdoados e mediante a absolvição, somos trazidos de volta a esse perdão que nos fora dado por Cristo nas águas batismais.

Nesse prisma, a igreja luterana mantém duas principais formas de ministrar a absolvição de pecados, a saber, a absolvição pública na liturgia do culto e a confissão privada. Na absolvição pública você recebe o perdão dos pecados que confessou a Deus quando rasgou o coração em sua presença. Já na confissão privada, um pastor, com voto de segredo, ouve sua confissão, te instrui na palavra de Deus e anuncia o perdão no nome santo da Trindade.

Na minha opinião pessoal, a prática da confissão privada é extremamente edificadora, pois nos dá a oportunidade de colocar pra fora tudo o que nos aflige, tira o fardo de culpa das nossas costas e nos dá a certeza do perdão divino. Tudo isso sem que nossos pecados se tornem motivo de fofocas ou discussões. É por esse motivo que a Confissão de Augsburg, no artigo XI, incentiva a manutenção dessa prática como edificadora para o indivíduo e para a Igreja.

Conclusão

Portanto, em vista dos pontos supracitados, percebe-se a crucial importância da prática da confissão na vida cristã. É mediante o arrependimento sincero, a confissão e o recebimento absolvição em nome da Trindade que recebemos o perdão de nossos pecados. Por isso, se derrame na presença de Deus e com o coração quebrantado confesse seus pecados pedindo perdão até mesmos pelos pecados que não se lembra. Então, busque receber o anúncio desse gracioso perdão com a Igreja, confesse seus pecados a alguém de confiança, creia que os méritos de Cristo cobrem todas as suas iniquidades e lembre que temos um advogado fiel para nos representar diante do Pai.

"Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Mas, se alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados - e não somente pelos nossos próprios, mas também pelos do mundo inteiro." (1 João 2.1-2)

Se você nunca recebeu a absolvição em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ou deseja fazer confissão privada de pecados sem o risco de ser ridicularizado, entre em contato conosco. Estamos prontos a ajudá-lo e até mesmo encaminhar você a um pastor que está disposto a te ouvir e te anunciar o gracioso perdão de Deus.

"Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado é aquele a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há engano". (Salmo 32. 1-2)

Deseja conhecer mais sobre a confissão e sobre a  tradição luterana?

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A diferença entre pecado venial e pecado mortal

Texto de nossos amigos da Wittenbergs que o ajudará a entender o que são pecados veniais e mortais na tradição luterana

Mateus Magalhães
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